{Resenha} Piano Vermelho



Título: Píano Vermelho
Autor: Josh Malerman
Editora: Intrínseca
Tradução: Alexandre Raposo
ISBN: 9788551002063
Número de Páginas: 320
Ano: 2017
Classificação: 

Ex-ícones da cena musical de Detroit, os Danes estão mergulhados no ostracismo. Sem emplacar nenhum novo hit, eles trabalham trancados em estúdio produzindo outras bandas, enchendo a cara e se dedicando com reverência à criação — ou, no caso, à ausência dela. Uma rotina interrompida pela visita de um funcionário misterioso do governo dos Estados Unidos, com um convite mais misterioso ainda: uma viagem a um deserto na África para investigar a origem de um som desconhecido que carrega em suas ondas um enorme poder de destruição.
Liderados pelo pianista Philip Tonka, os Danes se juntam a um pelotão insólito em uma jornada pelas entranhas mortais do deserto. A viagem, assustadora e cheia de enigmas, leva Tonka para o centro de uma intrincada conspiração.
Seis meses depois, em um hospital, a enfermeira Ellen cuida de um paciente que se recupera de um acidente quase fatal. Sobreviver depois de tantas lesões parecia impossível, mas o homem resistiu. As circunstâncias do ocorrido ainda não foram esclarecidas e organismo dele está se curando em uma velocidade inexplicável. O paciente é Philip Tonka, e os meses que o separam do deserto e tudo o que lá aconteceu de nada serviram para dissipar seu medo e sua agonia. Onde foram parar seus companheiros? O que é verdade e o que é mentira? Ele precisa escapar para descobrir.
Com uma narrativa tensa e surpreendente, Josh Malerman combina em Piano Vermelho o comum e o inusitado numa escalada de acontecimentos que se desdobra nas mais improváveis direções sem jamais deixar de proporcionar aquilo pelo qual o leitor mais espera: o medo.

Há um certo “perigo” em ter um livro muito bom como primeira publicação, que é o caso de Caixa de Pássaros, que agradou vários leitores, inclusive a mim (o livro até entrou para a minha lista de favoritos)! Isso faz com que a a expectativa dos leitores quanto ao próximo livro seja grande, colocando uma certa responsabilidade nas costas do autor, mas as vezes há frustrações. Piano Vermelho é uma dessas frustrações.

No seu novo livro, Josh Malerman, nos apresenta um enredo bem interessante e até um tanto inusitado, fugindo um pouco do clichê. Uma banda militar americana, que atuou durante a 2ª Guerra Mundial, que viraram, posteriormente, ícones da música em Detroit, conhecido como os Danes, é requisitada novamente pelo exército americano para ir atrás de um som misterioso no deserto do Namibe, localizado na África. É proposto que eles desvendem o mistério e encontrem a origem do som e, liderados pelo pianista Phillip Tonka, eles topam embarcar nessa missão. 
Em contraponto, somos levados a seis meses futuros após a missão dos Danes no deserto, em que Phillip se encontra num hospital com quase todos os ossos do corpo quebrados. Ele está sozinho, confuso, sem saber ao certo como foi parar lá. Esse estado de Phillip intriga os médicos, mas principalmente a enfermeira Ellen. Como é possível Phillip ter sobrevivido e permanecido nesse estado? O que será que aconteceu na missão no Namibe?
É intercalando capítulos curtos (missão e hospital), que Josh nos leva pelas páginas de Piano Vermelho. Quem leu Caixa de Pássaros, sabe que o autor tem uma escrita muito ágil e instigante e, por se tratar de um enredo bastante diferente (afinal, quantos livros de som misterioso no deserto você conhece?), o leitor se pega preso pela curiosidade em saber o que aconteceu durante a missão dos Danes, porém, acaba cansando. Há momentos em que a parte atual, em que Phillip se encontra no hospital com Ellen acaba sendo mais interessante do que a própria missão, perdendo um pouco da força do mistério do som.
Por mais que o enredo seja bastante diferente, como já foi dito, a obra de Josh Malerman não convence. A premissa tem uma mistura de fantasia, filosofia, com terror e sobrenatural, mas que serve apenas para confundir o leitor. Sem dúvidas, o começo do livro é ótimo! Josh segue uma linha que parece (e é) bastante promissora, mas acaba mudando para algo que não é muito interessante assim, podendo confundir o leitor. A história em si é fraca, impossibilitando que Josh passe a mensagem específica que tinha com o enredo, não convencendo.
A maior frustração de Piano Vermelho é o desfecho, tanto passado quanto futuro (ou presente). Faltou desenvolvimento. Os acontecimentos são descritos de uma maneira muito rápida, deixando algumas perguntas sem respostas, para que o leitor tenha uma reflexão, o que não foi um objetivo muito legal e e outras até respondidas, porém não de uma maneira suficiente e convincente.
Em suma, Piano Vermelho tinha muito potencial, como dá para se perceber pela premissa. Josh também tem uma escrita muito boa para o thriller, que pudemos conferir primeiramente em Caixa de Pássaros, causando emoções e uma certa angústia e medo no leitor. Contudo, acredito que a ideia tenha sido mal executada, infelizmente. Piano Vermelho é uma leitura que eu não recomendo, porém, Josh é um autor que tem talento, com uma escrita muito boa. Espero poder conferir seu próximo livro. 

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