{Resenha} Biblioteca de Almas



Título: Biblioteca de Almas (O Lar da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares #3)
Autor: Ransom Riggs
Editora: Intrínseca
Tradução: Fernando Carvalho
ISBN: 9788580579666
Número de Páginas: 416
Ano: 2016
Classificação: 
Série: Livro 1 – O Lar da Srta Peregrine Para Crianças Peculiares
          Livro 2 – Cidade dos Etéreos

Biblioteca de Almas é o último volume da celebrada trilogia iniciada com O lar da srta. Peregrine para crianças peculiares. Neste terceiro livro, depois de sofrer com a morte do avô, conhecer crianças com habilidades peculiares em uma fenda temporal e partir pelo mar em uma busca desesperada para curar a srta. Peregrine, Jacob vai finalmente enfrentar a inevitável conclusão dessa turbulenta jornada.
Jacob descobre uma poderosa habilidade e não demora a explorá-la para resgatar os amigos peculiares e as ymbrynes da fortaleza dos acólitos. Junto com ele vai Emma Bloom, uma menina capaz de produzir fogo com as mãos, e Addison MacHenry, um cão com faro especial para encontrar crianças perdidas.
Partindo da Londres dos dias atuais, o grupo vai percorrer as ruelas labirínticas do chamado Recanto do Demônio, uma complexa fenda temporal que abriga todo tipo de vícios e perversões. É ali que o destino de peculiares de toda parte será decidido de uma vez por todas. Tal como os volumes anteriores da série, Biblioteca de Almas une fantasia, aventura e sombrias fotografias de época para criar uma experiência de leitura única.

O primeiro livro da trilogia d’O Lar da Srta Peregrine Para Crianças Peculiares é uma grande introdução ao mundo peculiar, cheio de “magia”, o segundo livro, Cidade dos Etéreos, é composto de emoções e ação do começo ao fim, então sobraria para a finalização da trilogia, Biblioteca de Almas, fechar com chave de ouro, mas não foi o que aconteceu, inteiramente. Acredito que Ransom se perdeu um pouco nesse volume, nos entregando algo que pode ser considerado um pouco abaixo das expectativas, se comparado aos outros livros.

Assim como o volume anterior, Biblioteca de Almas, começa do exato momento em que Cidades do Etéreos terminou. Todos foram capturados, menos Jacob, Emma, Addison, o cachorro peculiar, e Sergei, fazendo-os a fugir e se esconder dos acólitos que estão em sua procura enquanto vão em busca de seus amigos capturados antes que seja tarde demais. Essa busca os leva ao Recanto do Demônio, uma fenda, que se trata de um “purgatório” para os peculiares, onde fica o “quartel general” dos acólitos, onde, possivelmente, os outros peculiares foram parar.
No Recanto do Demônio, Jacob, Emma e Addison acabam descobrindo outro lado da vida peculiar, um lado escondido até então, surpreendendo-os. Um lugar decadente, em suma cruel, cheio de armadilhas e ganância, mas que também rende uma leva de novos personagens peculiares, alguns acabando como engrenagens na busca de Jacob, Emma e Addison por seus amigos, além do objetivo de deter o plano maligno de Caul. Eles se vêem num ambiente totalmente novo e desconhecido e um tanto perigoso, onde a confiança, sem algo em troca, é algo muito raro.

Neste volume, Jacob também acaba descobrindo um pouco mais sobre sua origem e seus poderes, resultando numa evolução do personagem nesse aspecto. Acabamos tendo um “novo Jacob”, mas que ainda recebe visitas do “velho Jacob”. Essa “evolução de personagem” também acontece com outros peculiares durante o enredo, o que era esperado para uma finalização de trilogia.
Um dos pontos negativos de Biblioteca de Almas foi a grande quantidade de informações. Ransom Riggs coloca mais informações e mais personagens nesse terceiro volume, alguns sendo apenas preenchedores de lacunas, não tendo nenhum papel significante na trama. O enredo carregado acaba fazendo com que a leitura seja um tanto arrastada, principalmente no início, demorando para fluir e ganhar ritmo. 

Saindo de Cidade dos Etéreos, que foi um livro que eu gostei bastante, com um ritmo bastante frenético, a mudança de atmosfera e de foco é bem perceptível. Por mais que os dois livros tivessem uma busca como base do enredo, a quantidade de protagonistas mudou bastante, assim como o cenário principal. Em Biblioteca de Almas, temos um foco maior em Jacob e Emma, o que pode nos deixar sentindo falta de outros personagens do lar da srta. Peregrine, como aconteceu comigo.
Por mais que o grande diferencial das edições dos livros da trilogia sejam as fotografias, eu senti um embasamento maior de Riggs nelas para a escrever a história, resultando em descrições ou narrativas que soaram um tanto forçadas ou até mesmo desnecessárias. Esse mesmo resultado também aconteceu com algumas reviravoltas durante o enredo. Biblioteca de Almas tem uma atmosfera um tanto diferente dos outros livros, chegando a ser um pouco mais otimista, não de uma forma muito positiva. 

Apesar dos percalços, Ransom finaliza a trilogia d’O Lar das Crianças Peculiares nos deixando com a sensação de ter lido uma história bem contada, por mais que tivesse potencial de ser espetacular. Os personagens acabam causando uma empatia no leitor, com seus carismas, e o fim é condizente com o que foi dito nos outros livros, sendo, de certa forma, bem amarrado, por mais que alguns pontos não foram concretamente finalizados.
A trilogia de Ransom Riggs agrada, principalmente por todo esse mundo peculiar, cheio de fendas do tempo, com direito a cenas de ação, romance, repleta de fantasia, além de proporcionar reflexões sobre preconceito, aceitação e diferenças. É uma boa trilogia para quem gosta de romances juvenis, universos novos e um tanto alternativos e um pouco de aventura.

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